sábado, 3 de maio de 2014

Berço da ilusão

Já dizia o mestre da experiência, Criolo, através de sua música: "[...] não existe amor em SP (São Paulo)", aos que desacreditam do fato (fato, por ser real), não acreditam por influências culturais ou por uma carga de afeto ao próximo, à família. Mas, na experiência, ou no conhecimento empírico, não das coisas mas das relações, estamos rodeados de questões que deflagram e apontam tal conclusão. Essa não é uma matéria inédita, já discuti com alguns amigos. Quero por em pauta, uma realidade pouco salientada, se é que me entendem, que nenhum autor na área da literatura atual, tem posto em pauta (que eu tenha tomado conhecimento). As relações interpessoais tornaram-se a busca pelo preenchimento do afeto materno desvinculado com o nascimento do nascituro, sim, materno pois desde o concebimento do feto, já cria-se um vínculo maternal com o filho. Assim, podemos orquestrar uma linha de pensamento: se nascemos, nascemos por algum motivo (ou não), se fomos concebidos ao desejo carnal, porque haveria de obtermos um sentimento? Questão essa que pode ser respondida com uma palavra só: convivência. A convivência cria linhas de conexão entre as pessoas, seria imaturidade questionar isso, mas incompleta se não perguntássemos se há convivência prazerosa sem sentimento? A lógica seria dizer não, mas sim, existe a convivência sem sentimento. Fazer-se-ão alguns apontamentos: o ser humano, na sua concepção vida, cabe, a ele, e a mais ninguém, se encontrar diante do que é disponível: viver por um sonho, viver por viver e/ou viver para não morrer. Este último, que deflagra o "berço da ilusão", e que tem tomado conta dos animais irracionais, são os indivíduos que não fazem parte de uma concepção de vida, não materialmente, mas formalmente falando. Ninguém vive simplesmente para satisfazer a vontade do outro, mas sim pra defender ou realizar seus interesses em vida, o que desencadeia uma senda de conflitos. Conflitos que são realizados sem a sabedoria que cada um obtém, ou deveria obter, com a experiência, sabedoria citada anteriormente como irracionalidade. Só com a piedade seria desconfigurado todo esse quadro de relações irracionais presente na personalidade dos agentes. A relação entre amor e ódio é a de que o ódio vem primeiro que a indiferença, nas pessoas irracionais. Nas racionais, só existe a indiferença. Fazer-se-ão suas conclusões. Ninguém vive para se submeter ao outro, mas alguém tem que se sacrificar pelo próximo, São Paulo é apenas um exemplo concreto disto, é o berço dos que querem se sobressair para o mundo da minoria. Assumo minha sobrevivência, mas saio ferido, pois foi preciso fazer parte deles para enxergar meu apontamento e ter coesão fatual.
 

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